Especialistas
destacam importância de consórcios de saúde no combate ao coronavírus
Representantes dos consórcios e
de secretários de saúde pediram políticas do Ministério da Saúde para
fortalecer as ações coordenadas. Órgão informou que será retomado grupo técnico
para discutir a questão.
A
importância dos consórcios entre os municípios e os estados na área da saúde
foi destacada em audiência pública da comissão externa da Câmara dos Deputados
que discute ações contra o novo coronavírus. Especialistas foram ouvidos nesta
terça-feira (9) por meio de videoconferência.
Os
consórcios são instrumentos que permitem a dois ou mais entes federados
desenvolverem ações em comum, em âmbito regional, para a prestação de serviços
públicos. Na área de saúde, consolidam o Sistema Único de Saúde (SUS). Em vez
de se discutir ações para cada município, por exemplo, elabora-se um
planejamento integrado e a gestão conjunta para toda uma região. A lei que
regula os consórcios é de 2005 (Lei 11.107/05).
Também
podem ser formados consórcios entre os estados, conforme explicou o assessor
técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Renê Santos. Ele
destacou, por exemplo, a forte atuação do Consórcio Nordeste durante a pandemia
de Covid-19. E defendeu que os consócios se consolidem como instrumentos de
gestão dos serviços do SUS após o período. Ele foi um dos que pediu políticas
do Ministério da Saúde para isso.
Segundo
Santos, durante a pandemia, os consórcios têm ajudado, por exemplo, a organizar
os atendimentos de emergência e na aquisição de insumos e de equipamentos
médicos. Conforme ele, as regiões Sudeste e Sul concentram mais consórcios
municipais, e a região Norte têm o menor número deles.
O
assessor técnico do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle do
Ministério Saúde, Marcos Elizeu Marinho, afirmou que será retomado grupo
técnico para discutir as ações dos consórcios, integrado pelo Conselho Nacional
de Secretários de Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde. Relatora da comissão, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) elogiou a
retomada.
Recursos
Conforme
a diretora-executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Norte e
Nordeste de Santa Catarina, Ana Maria Jansen, dados consolidados de 2018
mostram que existiam 214 consórcios no Brasil, 47 deles (22%) com produção
efetiva, integrando 911 municípios. Ela estima que hoje existam 477 cadastrados
no País - 181 exclusivos para a área da saúde. Ela apresentou dados mostrando
que a maior parte dos recursos aplicado pelos consórcios vêm dos municípios, e
não do governo federal. “É isso que a gente quer discutir e tentar reverter”,
apontou.
Entre
as ações desenvolvidas pelo consórcio que dirige para combater a pandemia, ela
citou a construção e a divulgação de um painel público sobre casos de Covid-19
na região e sobre as compras públicas realizadas, a preparação de equipes e a
gestão de doações.
Presidente
da comissão, o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) defendeu que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) seja emendada para
que consórcios possam receber recursos federais diretamente.
Importância
na pandemia
O presidente Executivo da Rede
Nacional de Consórcios Públicos, Victor Borges, disse que, neste momento, os
consórcios são ainda mais essenciais. “Os municípios precisam estar reunidos”,
ressaltou. Conforme ele, é preciso uma ação coordenada em cada região, porque o
vírus se transmite de um município para outro. Ele afirmou que o apoio das
universidades e de laboratórios regionais estão sendo buscados para aumentar a
testagem nos municípios brasileiros.
A
secretária-executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada
Fluminense, Rosângela Belo, também pediu política do ministério para fortalecer
os consórcios de saúde. Ela citou, entre as ações desenvolvidas pelo consórcio,
o acompanhamento diário de pacientes recebidos nas urgências e emergências nas
unidades de pronto atendimento e hospitais da região. Segundo ela, houve uma
grande dificuldade de acesso ao serviço de saúde na região, mas já houve
melhora. “Hoje já temos leitos”, disse. Segundo ela, o acompanhamento foi
importante para aprofundar ou liberar medidas de isolamento nos 11 municípios
da baixada fluminense, que juntos tem população de cerca de 4 milhões de
pessoas.
Deputados
como Leandre (PV-PR) e Pedro Westphalen (PP-RS) também destacaram a importância
dos consórcios não só durante a pandemia, mas na gestão da saúde a qualquer
tempo. Para o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), os consórcios são essenciais,
por exemplo, para otimizar recursos e comprar insumos e equipamentos mais
barato.
Link
com a matéria no Youtube: https://youtu.be/A4fZyk5mQP8
Fonte:
Agência Câmara de Notícias
Reportagem – Lara Haje
Edição – Rachel Librelon